quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Reflexões sobre o trabalho com bebês

O trabalho com os bebês é permeado por preconceitos e mal-entendidos e por isso, por vezes, subestimado. É comum observarmos falas, mesmo entre profissionais da área da educação, que desvalorizam o trabalho no berçário. Tais quais:“Não estudei para trocar fralda.”, “Não quero trabalhar com berçário, eu gosto de dar aula!”
Tais comentários revelam a ausência de compreensão do trabalho com bebês, quem são, o que aprendem e como aprendem!
A primeira atitude para romper com o preconceito à faixa etária é conhecendo as características da mesma.
Sabemos que desde o nascimento, o bebê aprende, primeiro com a mãe, as pessoas mais próximas e o ambiente. Essas primeiras interações vão compondo seu repertório cognitivo, social e afetivo. Eles não chegam a escola sem “saber nada”, eles chegam sabendo muita coisa. Cabe ao professore organizar situações de aprendizagem em que esse repertório seja revelado e ampliado.
O primeiro instrumento de aprendizagem da criança é o corpo: cores, sabores, aromas, sons e sensações compõem o ponto de partida para todas as aprendizagens futuras e para o desenvolvimento total do indivíduo. Como esse corpo encontra os estímulos que lhe permitirão se desenvolver plenamente? Por meio do movimento!
Pegar, apertar, morder, esfregar, rolar, sentar, engatinhar, levantar-se, escalar, andar, correr pisar, fazem parte da maneira como os bebês aprendem, agindo sobre o objeto de conhecimento, isto é, o ambiente e o outro.
Um ambiente acolhedor, seguro e convidativo à exploração, preparado intencionalmente para receber os bebês é parte fundamental do trabalho com a faixa etária. Chão, teto, paredes são como telas em branco a serem “coloridas” pelo professor de berçário. Toda a sala de aula pode e deve ser um convite à descoberta.

Para o teto pode-se criar uma infinidade de móbiles, com texturas, cores, formas, aromas, e sons diversos. Os móbiles atendem tanto a necessidade dos pequenos que ainda não se locomovem, pois é um convite ao toque, como aos que engatinham ou andam.

Varal de chamadinha
Móbile aromático
Parque sonoro







chão é o palco dos bebês engatinhantes e rolantes, que estão adquirindo autonomia no processo de locomoção.

Tapete sensorial
 Proposta com plástico bolha
Tapete sensorial com plástico e tinta















Tendo em vista as características dessa faixa etária não há necessidade de muito mobiliário na sala, atividades de pintura por exemplo podem ser feitas também com apoio do chão e paredes. Os suportes de pintura podem ser os mais variados: papel, papelão, plástico, azulejo, lixa. Não precisa se limitar as tintas do mercado, há uma porção de receitas de tintas caseiras a serem exploradas na internet, além disso, pode ser utilizado o carvão, cubos de gelo com anilina, gelatinas. As possibilidades são infinitas!
A organização do espaço deve ser pensada de maneira flexível e reformulada periodicamente sempre que as possibilidades exploratórias se esgotarem.
Além do ambiente, as interações sociais são de grande importância para a aprendizagem da criança pequena. É no intercambio de afetos que ela se percebe um ser único. Dando início à construção de sua identidade.
Entende-se por afetividade, a capacidade que o indivíduo tem de afetar positivamente ou negativamente o outro, por tanto, no trabalho com bebês a afetividade é primordial, nossas ações devem estar pautadas de intencionalidade e reflexão constantes.
Todos os momentos da rotina com os pequeninos devem estar permeados de intencionalidade. Os bebês aprendem enquanto são cuidados, numa troca de fraldas, por exemplo, eles aprendem sobre o que seu corpo é capaz de produzir (conhecimento de si), estreitam laços com o educador que o troca (conhecimento do outro), entendem que toda vez que estiver sujo, alguém vem limpá-lo, internaliza a necessidade de estar limpo e que isso é bom para ele e para o outro que o limpou.
Os momentos de alimentação são palco privilegiado de exploração de cores, sabores, texturas e temperaturas, além de ser uma aprendizagem social riquíssima! Tudo é aprendizagem, o cuidar e educar são indissociáveis! 
Sendo assim, é necessário conhecimento teórico e técnico para preparar situações intencionais  de aprendizagem  condizentes com a faixa etária e características do  grupo, bem como para  avaliar essas situações e interferir de maneira eficaz quando necessário. Logo, o trabalho com os bebês é extremamente importante, desafiador e gratificante.

FONTE: ideiacriativa.org

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