quinta-feira, 31 de março de 2016

ABA e TEA: um pouco de história de intervenção



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No mês de conscientização internacional sobre o Autismo com destaque para o dia 02 de abril, nada mais importante do que garantir informações de qualidade. A informação (correta, obviamente) é a base para um processo efetivo de conscientização. Por isso, decidi postar essa publicação, remontando um pouco da história de intervenção da ABA sobre os Transtornos do Espectro do Autismo. Minha intenção não é traçar uma linha histórica do desenvolvimento do diagnóstico de TEA, mas sim delimitar, em linhas gerais, a trajetória da Análise Aplicada do Comportamento (ABA) como um tipo de intervenção eficiente e eficaz para esses transtornos.

As contribuições da ABA no estudo e na intervenção sobre TEA podem ser remontadas desde a década de 1950. Naquela época, as aplicações dos princípios da Análise do Comportamento já tinham destaque por conta de seus resultados altamente positivos de mudanças comportamentais. As organizações com foco no tratamento de diversos transtornos mentais e de desenvolvimento eram o principal ambiente de utilização dos procedimentos oriundos dessa área.

Na década de 1960, a ABA continuou sendo fortalecida com a abertura de centros de treinamento, publicações de livros sobre pesquisa aplicada em várias áreas e com diferentes populações. Além disso, esse fortalecimento ganhou ainda mais peso com o lançamento de uma das principais revistas científicas da área: Journal of Applied Behavior Analysis (1968). A revista continua até hoje sendo uma importante referência na divulgação de conhecimento científico sobre ABA e TEA, além de outras aplicações (A revista não é específica sobre ABA e TEA).

O desenvolvimento e fortalecimento da ABA como intervenção efetiva e eficaz sobre diversas demandas relacionadas a transtornos mentais e de desenvolvimento se manteve pelas décadas de 1970 e 1980. Um autor que merece destaque pelas suas contribuições sobre desenvolvimento atípico é O. Ivar Lovaas. Em 1981, ele publicou um manual de treinamento para pais que é uma das principais referências de literatura e intervenção até hoje. Atualmente, há um centro de pesquisa e intervenção totalmente baseado em suas contribuições : http://thelovaascenter.com/

De lá para cá, outros manuais já foram publicados e diversas frentes de pesquisa/intervenção desenvolvidas com base na Análise do Comportamento. Além disso, muitos institutos e organizações para o desenvolvimento de indivíduos com o diagnóstico de TEA foram criados, especialmente na América do Norte e Europa. No Brasil temos excelentes projetos e profissionais atuando no campo, embora não tenhamos ainda organizações ou institutos especializados fomentados pela iniciativa governamental como ocorre em outros países.

Também de lá para cá, diversas estratégias (além da tentativa discreta) e modelos foram desenvolvidos. Destaco brevemente o Modelo Denver de Intervenção Precoce, garantindo estratégias e procedimentos para intervenção com crianças a partir de 12 meses de idade, com evidências de eficácia publicadas em alguns artigos científicos. Falarei com mais detalhes sobre esse modelo em outras publicações.

Atualmente, a ABA é considerada como uma das principais formas de intervenção eficazes sobre TEA. Em alguns países como os EUA, por exemplo, o governo subsidia exclusivamente o tratamento de um indivíduo com TEA se esse tratamento for baseado na ABA.

A história de intervenção da ABA sobre TEA pode ser relativamente recente (considerando parâmetros históricos, claro), mas já é marcada por excelentes contribuições no desenvolvimento de pessoas com esse tipo de diagnóstico. Cabe a cada profissional analista do comportamento continuar fortalecendo esse caminho.


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